Hoje quero
compartilhar com vocês sobre um professor de Matemática que me assustava muito. Sua personalidade não tinha nada de florida, apesar do nome... Antônio Jardim. Se vocês
acham que seus professores foram diabólicos, é porque não o conheceram. Ele
adorava o desespero dos alunos.
Provas,
nossa... era impossível alguém pensar em colar. Ele deixava um quadrado nas
questões onde deveria ser preenchido com o nosso número da chamada. Eram tantas
provas, trabalhos, atividades que era difícil algum espertinho tentar calcular
uma nota prévia bimestral. Eram tantas somas, subtrações e divisões que era
melhor esperar pela boletim.
Nossas notas
aumentavam e diminuíam de acordo com a limpeza da sala e isso ele
fazia questão de observar nos mínimos detalhes - como aqueles papelzinhos minúsculos que caem no chão quando se destaca uma folha -, e pela sabatina. Os que acertavam as perguntas, não precisavam fazer no bimestre seguinte, mas os bobinhos
que bombearam teriam que ralar no próximo e muito, pois o nível de dificuldade aumentava. Se você passaria com 10,
mas errasse, teria média 8...Enfim, era um sufoco!
Trabalhos ele fazia
questão de esperar no refeitório para receber e só até a campainha tocar. Depois entrava lentamente pelos portões tendo vários alunos desesperados no seu encalço entregando de última hora o que conseguiram responder.
E não para
por aí. Ele criou um programa de computador com as quatro operações: além do
tempo que passava, a cada erro nossa porcentagem final diminuía. E ele ficava lá, só de
tocaia.. anotando todos os resultados.
Eu nunca fui
o aluno destaque na disciplina dele, mas lembro de poucas vezes que consegui
esse feito. Certa vez até passou a me chamar de Einstein (o apelido pegou depois)... Ele exigia postura e eu sempre o contrariava sem querer, sentando com uma perna
sobre a outra.
Lembro da vez que el me viu conversando e pediu que eu respondesse uma questão na lousa. Demorei muito pensando numa resposta que era muito óbvia. Tentara fazer
alguns cálculos sem obter um resultado lógico e ele simplesmente respondeu: “Não existe
zero à esquerda”. Isso foi como um balde de água fria pra mim.
Ah, esqueci de contar que nos fazia copiar slides monstruosos com os contéudos e questões sem fim de acabar (arrastava
seu notebook e datashow numa mesinha com barulho medonho)... e ele lá, sempre com
um sorriso maléfico no rosto. Também não sei se era de propósito (provavelmente
sim), fazia questão de ter os últimos tempos da semana, e ai de quem pensasse em
matar aula... ele tinha um material tão bom no seu notebook capaz
de incriminar qualquer neguinho.
Ah, ele também
fazia questão de mostrar a nota de todos para todos pra criar um clima de “competitividade
saudável”.
Mas já não
quero me estender muito (não mesmo?!)... Espero ter conseguido expor em essência
sobre esse querido professor. Merecia um prêmio de educação (sem ironia). As
últimas notícias que tenho é que ele se aposentou e no dia que foi se despedir, os ecos
de vivas eram tão altos, que davam de ser ouvidos de longas distancias.. Sua filha seguiu seus mesmos passos. Tornou-se professora de Matemática. Agora fica a dúvida se aplicará a mesma metodologia. Eu ficaria feliz. Sabem... outros teriam recordações
assim.